quarta-feira, 19 de maio de 2010

As três regras da sátira cristã

“Na minha opinião, você deveria se matar.” Esse é o comentário mais duro que alguém já deixou no blog eu escrevo, StuffChristiansLike.net. Ninguém gosta de saber que algo que ela escreveu gere uma sugestão de suicídio. Mas esse não é o pior comentário que já recebi. Veja o que alguém escreveu depois de ler a introdução do meu livro: ”Foi difícil rir sentindo a tristeza de Deus ao ver a maneira feia que a Noiva de Cristo (a Igreja) se apresenta perto do dia do seu casamento.”

Quando se começa um blog explorando sátira e a fé, ninguém lhe diz o que fazer quando você é acusado de enfeiar a Noiva de Cristo. Mas depois de dois anos escrevendo nele, estas são as três regras que eu aprendi sobre a sátira cristã.

Se você é um cristão e quer ser engraçado, há duas opções. 1) Você pode ser brega. 2) Você pode ser amargurado. O primeiro envolve fazer humor com fotos de gatinhos ou arco-íris. Você tem que fazer muitos trocadilhos ou enviar para todos os seus contatos e-mails que terminam com uma criança fazendo alguma “malandragem”.

A outra opção é tornar-se cínico e crítico ao cristianismo. Você fala das músicas e dos filmes evangélicos e critica tudo com uma língua cheia de veneno. O problema dessa abordagem é que ninguém na história da humanidade jamais disse: “Sabe, a maneira como você detonou o cristianismo em seu blog realmente me ajudou a começar uma relação com Jesus Cristo que mudou minha vida . Obrigado por usar o seu cinismo para o Senhor”.

A terceira opção, muitas vezes inaceitável, é a sátira. Mas como ela difere do cinismo? Vamos rever a segunda regra.

Zombaria não é a mesma coisa que a sátira. Zombaria sempre tem uma vítima. A sátira não. A zombaria visa ferir alguém e deixar-lhe com uma contusão. A sátira não. Defino sátira como “humor com um propósito.” Meu objetivo é limpar a “sujeira” do cristianismo, para que possamos ver a beleza de Cristo. Eu faço isso com a sátira, que é um grande instrumento da verdade. É como um grande espelho: Você pega um problema e o aumenta e até deixá-lo grande o suficiente e bastante óbvio para todo mundo ver. Então você fica ao lado dele e pergunta: “Somos nós? Estamos bem com isso? É isso que significa ser Igreja? ” A outra grande diferença é que Deus odeia o escárnio.

Mas e a sátira? Acho que o Senhor realmente apresenta um pouco de sátira na Bíblia. No Salmo 1:1, lemos: “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (ARA). Você consegue ver isso? Os escarnecedore estão relacionados com os maus, os ímpios. Mas os que usam a sátira ficam de fora. Em Números 11:23, Deus diz a Moisés: “Porventura tem-se encurtado a mão do Senhor? Agora mesmo verás se a minha palavra se há de cumprir ou não.”

Não falo hebraico, mas eu não posso acreditar que Deus estava perguntando a Moisés o real comprimento de seu braço. Afinal, Moisés não sabia. Acho que Deus estava mostrando a Moisés, com um pouco de sátira, que ele podia cuidar dele.

Para usar a sátira, você tem que saber como surpreender as pessoas. No livro Accidental Magic, Roy Williams escreve sobre algo chamado “área de Broca”. Broca é a parte do cérebro que filtra as novas ideias que você ouve. O cérebro gosta de associar as novas informações com informações antigas para que ele possa ter menos trabalho de se concentrar em novas ideias. Então, quando você ver uma bola vermelha, automaticamente a coloca na “gaveta de bolas vermelhas” em seu cérebro e pensa em outra coisa.

O desafio para os comunicadores é passar pela área de Broca. A melhor maneira é surpreender as pessoas. A sátira é algo fantástico para fazer isso. Por exemplo, há uma estação de rádio de Atlanta que toca todas as manhãs o que eles chamam de “pílula de inspiração”. É uma canção cristã edificante e a leitura de alguns versículos da Bíblia, mas é feito no meio da programação normal, no caso música estilo hip-hop. Em essência, eles dizem: “balance, Deus, balance.”

Notei que também, infelizmente, isso ocorre com muitos dos meus finais de semana. No sábado à noite, faço o que bem entendo. Domingo de manhã? Eu e Deus somos os melhores amigos. E na segunda-feira? Deus volta para o carro junto com a minha Bíblia.

Agora, se eu disser para uma multidão: “Hoje quero falar sobre os caminhos que atrapalham nossa vida e nos afastam da caminhada de fé”, a área de Broca entra em ação. Afinal, todos nós ouvimos isso antes. Mas se eu disser: “Hoje, vamos falar sobre ‘balance, Deus, balance’, você não achará uma gaveta para guardar essa ideia. Ninguém diz: “Puxa, mais uma vez? O Billy Graham já falou sobre ‘balance, Deus, balance’ um milhão de vezes. ”

A sátira é uma ferramenta de comunicação essencial. Em novembro de 2009 vi a comunidade que acessa meu site provar isso, levantando doações de US $ 30.000 em 18 horas para construirmos uma creche no Vietnã. Será que nós rimos? Sem sombra de dúvida. Toda vez que alcançávamos um determinado objetivo, um acessório como um cinto branco era adicionado ao nosso mascote do site, um líder de louvor metrossexual. Será que fizemos algo bom e sério sem sermos cristãos mal humorados? Sem sombra de dúvida. Acabamos levantando US $ 60.000 e pudemos ajudar a construir duas creches!

A sátira é uma coisa complicada. É difícil não cair na zombaria. Mas quando se anda nessa linha fina, mesmo quando alguém sugere que você deve morrer, será possível rir dele.


Jonathan Acuff,
Uma dica do Pavablog.

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