sábado, 6 de setembro de 2008

A teologia da ternura

O Deus da revelação cristã... rende quase invisível sua transcendência: se revela ocultando-se, e se oferece como um Deus de piedade e dileção, em uma forma tão humana a ponto de assumir em si a 'carne' do mundo.


Belém e Nazaré representam, deste ponto de vista, uma novidade absoluta na história do auto-revelar-se de Deus à humanidade. Um evento de graça cuja única razão é o amor de benevolência.


Da sua parte, a cruz proclama que a última palavra de Deus não é uma palavra de condenação, mas de 'com-paixão', de amor gratuito que salva; é esta a palavra que inaugura o tempo da Igreja e expressa sua forma; é dessa que brota a ternura dos cristãos, a qual os transforma - por graça - 'memória inquieta' e 'profecia viva' de um modo novo de conceber a vida, liberando-os das lógicas do poder e do domínio e colocando-os naquelas da gratuidade e do serviço.


Se fiéis 'ao escândalo da cruz' (Gl 5.11), os cristãos são como 'estrangeiros' e 'sem-terra' entre os povos. Sua identidade não é compreensível senão como configuração ao seu Senhor crucificado e como testemunha viva da ternura de Deus para com os últimos, os abandonados e os excluídos.


Carlos Roccochetta

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