A urbe, cidade, nos traz o melhor e o pior da natureza humana. Talvez, parafraseando Dickens, é o melhor dos lugares; é o pior dos lugares. Sem dúvidas esse conjunto de pessoas que vive em aglomerações chamadas cidades causa boas e más influências em todos os que nela habitam, não importando se cristãos são, ou não.
A vida se mistura em todas as suas esferas e, sinceramente, não espero aqui conseguir, sequer tentar, separar de alguma maneira “compartimental” a vida em, cristã e não cristã. Creio que seria um exercício desnecessário e improdutivo. Um dos desafios que enfrentamos enquanto seguidores de Jesus, o Cristo, é referente aos relacionamentos superficiais.
Uma das dificuldades que se nos apresentam é que nossa crença e conjunto de valores consiste em uma vivência comunitária, ao mesmo tempo em que a cidade nos empurra para uma experiência cada vez mais individual. É próprio da cidade uma pessoa habitar em meio a uma multidão e ao mesmo tempo ser uma pessoa solitária, sem relacionamentos.
Na cidade nos escondemos dos outros e de nós mesmos, na cidade nos encontramos com outros e, às vezes conosco. Na cidade não precisamos ter uma história de nossa tradição familiar, na cidade podemos construir belas histórias com aqueles que são acrescentados à nossa jornada. Na cidade não há espaço para todos nos melhores lugares, na cidade encontramos lugares aconchegantes na mais extrema periferia. Na cidade criamos os marginais, gente diferenciada que só percebe a parte boa pela vitrine de lojas bonitas ou pelas propagandas de TV, na cidade aprendemos que o que importa ao final do dia é a companhia de pessoas fiéis que nos valorizam pelo o que somos e não pelo o que temos.
Enfim, fomos criados para nos espalhar pelo mundo, dominá-lo, mas decidimos nos ajuntar e criarmos sistemas de dominação, não da natureza, mas sim, de um homem sobre outro homem.
Ao invés de nos tornarmos jardineiros nos tornamos pedreiros, ao invés de plantarmos jardins, construímos muros e paredes.
As cidades estão aí, muita gente para alcançar, as cidades estão aí, muita gente que eu não quero conhecer. Muita gente ansiando por uma amizade aberta e sincera que agregue valor às suas existências pobres, muita gente fechada e desconfiada das intenções de tantos estranhos que as rodeiam.
Creio ser assim desafios e facilidades, depende de como nós os encaramos.
Paz e Bem,
Zé Libério
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