quarta-feira, 4 de maio de 2011

De "mar a mar"

Os “quatro cantos do mundo” ou Terra é mais que matéria, é criação, algo feito, arquitetado, do grego “poiema” (poema), obra de um Artista.

É o lugar onde nossos pés pisam e se firmam. É o fascinante ambiente em que nos momentos de calmaria nós mergulhamos. É o infinito de alegria pelo qual rolamos. É o palco onde as coisas mais belas da vida voam e até nós de relance alçamos voo. É um sítio incomensurável que observamos e babamos de inveja. É neste arraial que nos encantamos de maravilha; renovando-nos de prazer; redescobrindo o mistério venturoso do Criador.

Ela aponta para o Céu; ela é coisa boa e bela; ela é uma placa numa estrada nebulosa dizendo: Alguém me fez para embelezar o Dono. Ela foi criada como um espelho para refletir uma Magnitude maior do que ela mesma o é. Por isso somos seus zeladores; aqueles que anseiam ver seu espelho sempre nítido apontando para além de si mesma, o que em seguida nos oferece dignidade e qualidade de vida.

Ela precisa ser defendida por ser obra do Designer e também por ser digna de respeito. Ela existe por amizade e não por autonomia, pelo riso e não para o luxo, para o descanso e não para ser mutilada, para soprar e não para tossir.

Infelizmente ela anda asmática pois nós ainda a vemos como uma máquina, fonte de matérias-primas e um meio para o lucro. No entanto, ela geme e está em processo de parto, ela certamente dará a luz. Contudo não cremos em um fim catastrófico (como muitos pensam, outros até gostariam), mas na esperança segura de renovação. A percepção cristã do universo vê o futuro com os olhos da ressurreição, não apenas de indivíduos, muito menos de almas, mas de tudo: espaço (nova terra); tempo (eternidade); indivíduo (imagem do Cristo); povo (família).

O que cremos a respeito do futuro naturalmente deve mudar o que cremos a respeito do presente. Enquanto ando de bicicleta, ou a pé; limpando as fezes do meu cão tão fofinho (mais tão porco); pregando um estilo de vida mais simples; informando-me no que posso e também votando naqueles que vigiam com a vida o estrado dos nossos pés.

Afinal, existe simbolismo entre a criação e criaturas. A missão da humanidade (isso inclui cristãos!) é neste mundo; ao som do hino: “teu formoso céu, risonho e límpido”, o “som do mar e à luz do céu profundo”. Marina Silva salienta a esse respeito: “como cristãos, acreditamos que a ciência descobre a engenhosa graça da inteligência de Deus”.

Como cidadãos e como cristãos carecemos de olhos para enxergar a engenhosidade de Deus "de mar a mar". Engenhosidade manchada pela vaidade, mas que terá o Grand Finale da ressurreição do cosmos quando nosso Rei volver para instaurar seu reino, como rotineiramente temos orado: “Venha o Teu Reino”. Finalmente, quando Deus pensou o mundo a primeira coisa que veio a mente do Altíssimo não foi uma cidade povoada de arranha-céus, foi um jardim.


Jean Francesco

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