sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Verdadeiramente humanos

Enquanto não compreendermos que, antes de o homem se tornar santo tem de ser primeiro homem, com toda a humanidade e fragilidade da verdadeira condição humana, não seremos capazes de entender o significado da palavra "santo". (...)

Se devemos ser "perfeitos" como Cristo é perfeito, devemos lutar para sermos tão perfeitamente humanos como Ele, de modo que Ele possa unir-nos com o seu divino ser e partilhar connosco a sua filiação do Pai do céu. Assim, a santidade não é uma questão de ser menos humano, antes mais humano do que os outros homens. Isto implica uma maior capacidade de preocupação, sofrimento, compreensão, simpatia e também de humor, alegria e valorização das coisas boas e belas da vida.

Por conseguinte, um pretenso "caminho de perfeição", que simplesmente destrói ou frustra os valores humanos, precisamente porque são humanos, tendo como ideal a atingir a separação dos outros homens, está condenado a não ser mais do que uma caricatura. E tal caricatura de santidade é, sem dúvida, um pecado contra a fé na Incarnação. Evidencia desprezo pela humanidade, pela qual Cristo não hesitou em morrer na cruz.


Thomas Merton, em "Vida e Santidade"

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