Na ultima década tive o privilégio de conhecer centenas de trabalhos com jovens por esse Brasil. Encontrei líderes dedicados e jovens comprometidos, mas também ouvi muitas reclamações de grupos que não conseguiam “engrenar” um ministério com juventude forte e relevante na igreja.
Quando passava o fim de semana com eles percebia que, aparentemente, o problema, na maioria das vezes, era simples, um problema de identidade.
Todos eles queriam ser um grupo de jovens relevante, forte e grande, mas não percebiam a coisa mais básica do crescimento: para ser grande, é preciso ser pequeno antes.
Nada pior para um ministério, ou uma reunião de jovens, agir como grande sendo pequeno.
Estes dias vi um novo modelo de “moto”, ela tem todo o formato de moto, mas com 2 rodas na frente. Logo pensei, este veículo de 3 rodas, mesmo sendo muito bonito, conseguiu juntar o “pior” dos dois mundos, a insegurança e a desproteção da moto, com a falta de mobilidade do carro. Em um dia chuvoso ou engarrafado o dono dessa “moto” vai pensar: por que eu não comprei um carro ou uma moto?
Se pensarmos como grandes, sendo pequenos, conseguiremos juntar o pior dos dois mundos e emperraremos o potencial do ministério e dos jovens.
Um dos erros mais comuns dos ministérios com jovens é se reunir no salão (templo) principal da igreja. Os jovens estão todos lá, mas parece que não estão.
Por exemplo: 30 jovens em um salão onde cabem 200 eles “somem”. Por natureza eles já não sentam juntos e também costumam sentar bem atrás. Com isso a reunião fica fria e impessoal, dando a sensação de que ninguém veio.
Aproveite que vocês “ainda” são pequenos e vão para uma sala ou uma casa, sentem em roda, coloquem menos cadeiras do que o número de pessoas que vocês estão esperando. Assim, quando alguém chegar atrasado, todos abrem a roda para colocar mais uma cadeira, criando o sentimento de assimilação e crescimento.
Muitos líderes não fazem isso por preguiça, pois o palco do salão já esta pronto com os instrumentos e tudo mais. Mas vale a pena o trabalho, sem contar com a “liberdade” de fazer um culto contemporâneo, coisa que às vezes não é permitido por estarem no “templo” da igreja.
Conheci uma igreja nos EUA que se reunia em uma escola diferente todo fim de semana, todo sábado eles passavam 4 horas montando tudo e no domingo mais 3 horas desmontando. Conversando com o pastor sobre o trabalho que dava para fazer isso, vi que valia apena tudo, pois não tinham despesas com templo próprio, conseguiram levar a igreja até os jovens, nas suas escolas e, além disso, geravam a consciência de que o trabalho para Deus não podia ter preguiça, tinha que ser com excelência.
Outra vantagem é no formato e na liturgia. Quantas vezes vi um culto de jovens começar com mais gente tocando no louvor do que nas cadeiras para louvar. Pra que tantos instrumentos? Pra que tanta gente no palco? Pra que palco?
Se quem vai conduzir o louvor sentar na roda juntamente com todos, tiver um ou dois violões e quem sabe um cajón, todos vão se sentir parte do grupo que está louvando ao Senhor, as vozes vão se destacar, e o propósito de cantar em comunidade para Deus será enfatizado.
E o melhor de tudo, da para fazer grupos de 3 a 5 pessoas para orar uns pelos outros, discutir os assuntos, ouvir a opinião desses pequenos grupos, fazer dinâmicas para assimilar melhor o que foi pregado, etc.
Essas são algumas dicas de como humanizar (no melhor sentido da palavra) e focar mais o seu grupo de jovens. Tenho experimentado isso na minha igreja e tem feito a diferença.
Mas para acabar quero dar uma notícia boa e ruim:
A noticia boa é que se você desfrutar das coisas boas de ser um grupo pequeno você vai fortalecer o grupo de jovens e vai crescer, mas a noticia ruim é que logo você vai ter que repensar tudo de novo, porque você vai deixar de ser pequeno.
Marcos Botelho
retirado de www.ultimato.com.br/sites/marcosbotelho
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