O Filho do Homem, que propunha incessantemente que não havia nada de errado em acumular riquezas, a não ser uma imaculada insensatez, gostava de pontuar que havia uma única e inequívoca vantagem em possuir: a capacidade de despojar-se. Em suas histórias todos despojam-se, e de todas as coisas: o rico comprador de pérolas, o pai do rapaz que pede a herança, o samaritano na beira da estrada, o cidadão de quem exigem a túnica, a viúva pobre diante de sua única moeda, o príncipe diante da soma imperdoável, o dono da fazenda e seu filho diante de seus agricultores.
Foi essa, obviamente, a faculdade que Jesus quis apontar ao jovem rico que cumpria desde a sua infância todos os mandamentos.
Venda tudo que você possui e dê aos pobres.
A subversão que ele propunha era de fato assombrosa. Jesus estava na verdade dizendo, abrace sua posição privilegiada e a oportunidade que apenas você tem: despoje-se. Ouse, transgrida; deleite-se e refestele-se na arrebatadora liberdade de despir-se, ainda no caminho, do que o limita e constrange o seu avanço.
Não foi, obviamente, a fé na suficiência da riqueza que impediu o jovem rico de dar o temível passo que o faria avançar; ninguém de fato acredita na suficiência da riqueza, especialmente e em primeiro lugar os ricos. O que o impediu de avançar foi sua fé, sua exorbitante fé, na suficiência dos mandamentos.
Cumprir a justiça é sempre confortável e limitante demais, pelo que o rabi de Nazaré insiste que a justiça deve ser constantemente ultrapassada (ai de vocês se a sua integridade não exceder a dos mais devotos carolas). E o que pode ultrapassar a justiça é apenas o amor, que não tem critérios (dê aos pobres) e não admite exceções (venda tudo que você tem).
Para o jovem rico, dar ouvidos a Jesus teria representado pisar descalço e sozinho e nu o terrível terreno da liberdade e da responsabilidade – o imoderado domínio que se chama reino de Deus, – mas para adentrá-lo teria sido necessário despojar-se dos mandamentos.
E isso ele não ousou fazer, porque os tinha cumprido desde a infância. Leia +
Paulo Brabo
Foi essa, obviamente, a faculdade que Jesus quis apontar ao jovem rico que cumpria desde a sua infância todos os mandamentos.
Venda tudo que você possui e dê aos pobres.
A subversão que ele propunha era de fato assombrosa. Jesus estava na verdade dizendo, abrace sua posição privilegiada e a oportunidade que apenas você tem: despoje-se. Ouse, transgrida; deleite-se e refestele-se na arrebatadora liberdade de despir-se, ainda no caminho, do que o limita e constrange o seu avanço.
Não foi, obviamente, a fé na suficiência da riqueza que impediu o jovem rico de dar o temível passo que o faria avançar; ninguém de fato acredita na suficiência da riqueza, especialmente e em primeiro lugar os ricos. O que o impediu de avançar foi sua fé, sua exorbitante fé, na suficiência dos mandamentos.
Cumprir a justiça é sempre confortável e limitante demais, pelo que o rabi de Nazaré insiste que a justiça deve ser constantemente ultrapassada (ai de vocês se a sua integridade não exceder a dos mais devotos carolas). E o que pode ultrapassar a justiça é apenas o amor, que não tem critérios (dê aos pobres) e não admite exceções (venda tudo que você tem).
Para o jovem rico, dar ouvidos a Jesus teria representado pisar descalço e sozinho e nu o terrível terreno da liberdade e da responsabilidade – o imoderado domínio que se chama reino de Deus, – mas para adentrá-lo teria sido necessário despojar-se dos mandamentos.
E isso ele não ousou fazer, porque os tinha cumprido desde a infância. Leia +
Paulo Brabo
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