"A subsistência e as operações das
três pessoas do Ser Divino são assinaladas por certa ordem definida. Há uma
certa ordem na Trindade ontológica. Quanto à subsistência pessoal o Pai é a
primeira pessoa, o Filho é a segunda, e o Espírito Santo é a terceira. Mal se
precisa dizer que esta ordem não pertence a nenhuma prioridade de tempo ou de dignidade
essencial, mas somente à ordem de derivação lógica. O Pai não é gerado por
nenhuma das outras duas pessoas, nem delas procede; o Filho é eternamente
gerado pelo Pai, e o Espírito procede do Pai e do Filho desde a eternidade. A
geração e a processão ocorrem dentro do Ser Divino, e implicam certa
subordinação quanto ao modo da subsistência pessoal, não porém subordinação no
que se refere à posse da essência divina. Esta Trindade ontológica e sua ordem
inerente constitui a base metafísica da Trindade econômica. Portanto, nada mais
natural que a ordem existente na Trindade essencial se reflita nas opera ad extra (obras externas ao ser
essencial) que se atribuem mais particularmente a cada uma das pessoas. A
Escritura indica claramente esta ordem nas chamadas praepositiones distinctionales,
ek, dia, e en, utilizadas para expressar a idéia de que todas as coisas provêm
do Pai, mediante o Filho, e no Espírito Santo.
A igreja confessa que a Trindade é um
ministério que transcende a compreensão do homem. A Trindade é um mistério, não
somente no sentido bíblico de que se trata de uma verdade anteriormente oculta
e depois revelada, mas também no sentido de que o homem não pode compreendê-la
e não pode torná-la inteligível. É inteligível em algumas de suas relações e de
seus modos de manifestação, mas é ininteligível em sua natureza essencial. Os
numerosos esforços feitos para explicar o mistério foram especulativos, e não
teológicos. Invariavelmente redundaram no desenvolvimento de conceitos
triteístas ou modalistas de Deus, na negação ou da unidade da essência divina
ou da realidade das distinções pessoais dentro da essência. A real dificuldade
está na relação em que as pessoas da Divindade estão com a essência divina e uma
com as outras; e esta é uma dificuldade que a igreja não é capaz de remover,
podendo apenas tentar reduzi-la a suas apropriadas proporções mediante uma
apropriada definição de termos. Ela jamais tentou explicar o mistério da
Trindade, mas procurou somente formular a doutrina de modo que fossem evitados
os erros que a ameaçam."
Berkhoff
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