segunda-feira, 18 de julho de 2011

A força que me assalta

Acredito que o amanhã continuará com semelhante tempestade.

No vai e vem da vida tudo continuará se esvaindo em vaidade.

A lágrima continuará a escorrer na valeta do desdém.

O uivo dolorido da criança que se desmancha em diarreia,

continuará abafado no imenso sono da noite sem folia.

A muralha que isola o esfarrapado continuará sólida.

A estrela do general, lustrosa, brilhará em cada estreia.

O fadista continuará ébrio, preso à força do além.

Insisto em não desistir da sorte, fonte de agonia.

Não sei explicar a força que me assalta.

Sem noção, retomo à minha sina,

minha vocação, mesmo por padecer falta

volto ao vício, sandice de minha alma menina.

Ressinto aceitar o preço de ser parceiro

do padecer e nem sei se resisto ao aceno celeste.

Se desisto do sucesso, da sagração que a tantos fascina

confesso, sofro ao morrer para a ambição corriqueira.

Abandono a conquista do sonho já vencido.

Assim, sigo em assumir, assimilar, encarnar

a singela façanha de perseverar na Esperança.


Ricardo Gondim

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