domingo, 15 de novembro de 2015

Justiça Generosa

" Ó homem, Ele te declarou o que é bom. Por acaso o SENHOR exige de ti alguma coisa além disso: que pratiques a justiça, ames a misericórdia e andes em humildade com o teu Deus? (Miqueias 6:8)

       Esse trecho resume o modo de vida que Deus quer que tenhamos. Andar em humildade com Deus é conhecê-Lo intimamente e estar atento ao que Ele deseja e ama. Além disso, o versículo nos manda praticar a justiça e amar a misericórdia, duas ações que, à primeira vista, parecem coisas diferentes mas não são. O termo hebraico para "misericórdia" é chesedh, graça e compaixão incondicionais de Deus. O termo hebraico par "justiça" é mishpat. Em Miqueias 6:8, "mishpat enfatiza a ação e chesedh a atitude ou o motivo por trás da ação". Para andarmos com Deus, então, temos de fazer justiça, com amor misericordioso.
        Em termos gerais, Mishpat é dar às pessoas o que lhes é devido, seja punição, seja proteção ou cuidado, independente de raça, posição social ou naturalidade. É por isso que, no Antigo Testamento, observaremos que Mishpat descreve como cuidar dos órfãos, das viúvas, dos estrangeiros e dos pobres (Zc 7:9-10). Hoje, esse quarteto abrangeria refugiados, trabalhadores imigrantes, os sem-tetos, os muito idosos e pais/mães que cuidam sozinhos dos filhos. Qualquer negligência em relação às necessidades de quem faz parte desses grupos não é simplesmente falta de misericórdia ou caridade, mas violação da justiça, da mishpat e é surpreendente ver a quantidade de vezes que Deus aparece como "defensor desses grupos" na Bíblia (Sl 146:7-9, Dt10:17-18, entre outros).
        Além disso, a ideia bíblica de justiça vai mais longe. Entendemos isso melhor ao considerarmos um segundo termo hebraico que podemos traduzir como "ser justo", embora seja normalmente referido como "ser reto". O termo é tzadeqah e refere-se a uma vida de relacionamentos corretos, isto é, são pessoas retas com Deus e, portanto, comprometidas em fazer retos todos os outros relacionamentos da vida". Isso quer dizer que, retidão bíblica é invariavelmente "social", porque tem a ver com relacionamentos. Quando a maioria das pessoas encontra a palavra "retidão" na Bíblia, pensam nela em termos de moralidade particular, como pureza sexual ou diligência na oração e estudo bíblico. Acontece que na Bíblia tzadeqh se refere ao viver diário, no qual a pessoa trata com generosidade e igualdade todos os relacionamentos na família e sociedade.
        Na vida de Jó, conseguimos perceber como ele tem consciência disso (Jó 29:12-17 e Jó 31:13-28): deixar de fazer o bem a qualquer semelhante, de qualquer classe ou posição social, seria uma grave ofensa contra Deus. Ele afirma que "era defensor dos direitos dos estrangeiros e acabava com o poder dos exploradores e livrava das suas garras as vítimas" e " era os olhos dos cegos, os pés do aleijado e o pai dos necessitados". E ainda vai além: "Ele não negou aos pobres o que desejavam". Algumas pessoas acreditam que ajudar os pobres deve ser chamado de misericórdia, compaixão, caridade mas não de justiça. Acontece que em nosso idioma a palavra "caridade" transmite a ideia de uma atividade boa, mas opcional. Contudo, essa visão não se encaixa no vigor ou equilíbrio da doutrina bíblica. Aqui, os presentes dados aos pobres são chamados de "obras de justiça" (Mt 6:1-2). Assim, não ofertar com generosidade não é mesquinharia, mas injustiça, uma violação da lei de Deus. Observamos ainda a descrição de Jó no capítulo 31 sobre todas as coisas que fez para viver de modo justo e reto. Ele afirma que toda a omissão em ajudar o pobre é pecado, uma ofensa ao Deus esplendor (v.23) e merece julgamento e punição (v.28). É impressionante notar que Jó afirma que seria pecado contra Deus achar que suas riquezas lhe pertence totalmente. Não compartilhar o pão e seus bens com o pobre seria injusto, pecado contra Deus e, por definição, transgressão à justiça de Deus. A pessoa justa tem um viver honesto, imparcial e generoso em todos os aspectos.
        Porém, que façamos essas "obras de justiça" não no "modo automático", apenas para sermos considerados como pessoas retas perante à sociedade, mas sim porque a misericórdia infinita de Deus (chesedh), demonstrada em Cristo na cruz, quando éramos pobres espiritualmente, forasteiros nesse mundo e órfãos de Pai, nos trouxe a expressão desse amor em todos os nossos relacionamentos.*
(Tim Keller, Justiça Generosa [trechos do Capítulo 1]).
* o último parágrafo não consta nesse livro.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Olá pessoas!!
Me perguntaram e eu respondi!! Vejam aew!!

Não creio ser possível "ser de Jesus" e não pertencer à igreja. Seria uma contradição explícita da observação do mestre que disse que sua igreja seria edificada sobre ele mesmo e com toda a potência sobre as portas do inferno. A igreja é quem detém as chaves do Reino dos Céus e não indivíduos. (Mt 16.18 e 19)
Para "ser de Jesus" necessário é estar inserido num contexto de "uns aos outros" o tempo todo e todo o tempo, e essa expressão aparece mais de 40 vezes no novo testamento, e isso é igreja, logo, não vejo como desvincular uma coisa de outra.
Creio que igreja é o que as pessoas, em seguimento a Jesus são, e não o lugar onde elas vão e decidem dedicar seu culto semanal talvez.
A igreja é sim uma instituição criada por Jesus e ser contra ela é ser contra o próprio Senhor.
Poderíamos organizar as igrejas de outras maneiras, sem ferir princípios bíblicos? Talvez sim, mas suas dificuldades não a excluem de um lugar especialíssimo na economia do Mestre.
É isso por hora.
Zé Libério

terça-feira, 28 de abril de 2015

" A maioria de nós trabalha muito para provar a nós mesmos, para convencer nossos amigos, a sociedade, Deus, etc que somos pessoas boas. Este trabalho nunca finalizará ao menos que você descanse no evangelho. No final do grande ato da criação, Deus disse: 'Está finalizado' e Ele pode descansar. Na cruz, no final do grande ato de redenção, Jesus disse: 'Está consumado' e assim nós podemos descansar.
Todo o trabalho que você faz e que te deixa exausto só pode ter sua ânsia e desejo finalizados através da obra de Cristo pois Ele viveu a vida que você deveria viver, morreu a morte que você deveria morrer. [...]
Você pode tirar as melhores férias do mundo, mas se a sua alma não descansar realmente naquilo que Jesus fez na cruz, você não terá um descanso verdadeiro." (Tim Keller, Jesus The King)

domingo, 7 de setembro de 2014

"Achamos que ídolos são coisas ruins, mas isso quase nunca é verdade. Quanto maior o bem, maior a tendência de esperarmos que ele satisfaça nossas necessidades e esperanças mais profundas. Qualquer coisa pode servir como um falso deus, especialmente as melhores coisas da vida." (Tim Keller)

terça-feira, 29 de julho de 2014

Graça preciosa versus a graça barata


A graça barata é a graça que nós dispensamos a nós próprios. A graça barata é a pregação do perdão sem arrependimento, é o batismo sem a disciplina de uma congregação, é a Ceia do Senhor sem confissão dos pecados, é a absolvição sem confissão pessoal. 

A graça barata é a graça sem discipulado, a graça sem a cruz, a graça sem Jesus Cristo vivo, encarnado. A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende com alegria tudo quando tem; a pérola preciosa, a qual o comerciante se desfaz de todos os seus bens para adquiri-la; o governo régio de Cristo, por amor do qual o homem arranca o olho que o escandaliza; o chamado de Jesus Cristo, o qual, ao ouvi-lo, o discípulo larga as suas redes e o segue. 

A graça preciosa é o evangelho que há que se procurar sempre de novo, o dom pelo qual se tem que orar, a porta à qual se tem que bater. A graça é preciosa porque chama ao discipulado, e é graça por chamar ao discipulado de Jesus Cristo; é preciosa por custar a vida ao homem, e é graça por, assim, dar-lhe a vida; é preciosa por condenar o pecado, e é graça por justificar o pecador. Essa graça é sobretudo preciosa por tê-la sido para Deus, por ter custado a Deus a vida de seu Filho – “fostes comprados por preço” – e porque não pode ser barato para nós aquilo que para Deus custou caro. A graça é graça sobretudo por Deus não ter achado que seu Filho fosse preço demasiado caro a pagar pela nossa vida, antes o deu por nós.

A graça preciosa é a encarnação de Deus. A graça preciosa é a graça considerada santuário de Deus, que tem que ser preservado do mundo, não lançado aos cães; e é graça como palavra viva, a palavra de Deus que ele próprio pronuncia de acordo com seu beneplácito. Chega até nós como gracioso chamado ao discipulado de Jesus; vem como palavra de perdão ao espírito angustiado e ao coração esmagado. A graça é preciosa por obrigar o indivíduo a sujeitar-se ao jugo do discipulado de Jesus Cristo. As palavras de Jesus: ‘O meu jugo é suave e o meu fardo é leve’ são expressão da graça [...] A graça e o discipulado permanecem indissoluvelmente ligados.


Dietrich Bonhoeffer
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