segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Prossigamos

A Complacência do cristão é o escândalo do cristianismo. O tempo é curto, e a eternidade é longa. O fim de todas as coisas está próximo. O homem provou que é moralmente incapaz em lidar com o mundo onde foi colocado pela bondade do Onipotente. Ilidiu-se, chegou a beira da cratera, e não pode retroceder. Dominado pelo terrível medo, segura o fôlego, até o pavoroso momento em que será lançado as profundezas do inferno.


Nesse ínterim, existe na terra um grupo de pessoas que alegam ter as respostas para todas as questões importantes da vida. Alegam que acharam o caminho de volta para Deus, a libertação do jugo dos seus pecados, a vida eterna e uma segura garantia do céu no mundo vindouro.


São os cristãos. Estes declaram que Jesus Cristo é o verdadeiro Deus do Deus verdadeiro, feito carne para habitar entre nós. Insistem em que ele é o caminho, a verdade e vida. Testificam que, para eles, ele é sabedoria, justiça, santificação e redenção, como também afirmam, de maneira resoluta, que ele será para eles a ressurreição e a vida pela eternidade por vir.


Esses cristãos sabem, e quando pressionados admitirão, que seu coração finito explora apenas uma parte lamentavelmente pequena das infinitas riquezas que eles têm em Cristo Jesus. Eles lêem à vida dos grandes santos, cujo ardoroso anelo por Deus os levou muito além das montanhas, rumo à perfeição espiritual; e, por um breve momento, podem aspirar a ser semelhantes a esses santos ardorosos, cuja luz e fragrância ainda se demoram no mundo em que outrora viveram e serviram. Mas a aspiração logo passa. O mundo está muito próximo deles, e os clamores de sua vida terrena são por demais insistentes; assim, eles se dispõem de novo a viver sua vida habitual e aceitam o costumeiro como o normal. Depois de algum tempo, procuram conseguir algum tipo de contentamento interior, e esta é a última coisa que ouvimos deles.


Esse contentamento com o progresso inadequado e imperfeito na vida de santidade é, repito, um escândalo na Igreja do Primogênito. Todo o peso da escritura é contra isso. O Espírito Santo procura, de forma constante, sacudir o complacente: “Prossigamos”, é a palavra do Espírito. O apostolo Paulo encarna isso em seu nobre testemunho registrado em sua epistola aos Filipenses: “Mas o que para mim era lucro, isso considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor: por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para ganhar a Cristo [...], para o conhecer e o poder da sua ressurreição , [...] mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus”.


Se aceitarmos isso como à sincera expressão do cristão, não vejo como justificar nossa indiferença para com as coisas espirituais. [...] Temos todas as razões para prosseguir em nossa vida cristã, e nenhuma razão para não o fazer. Prossigamos.



A. W. Tozer

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