domingo, 26 de agosto de 2012

Pra frente Brasil! *


Hoje gostaria de compartilhar uma reflexão que está em minha mente desde o dia em que o IBGE divulgou os últimos dados do Censo 2010[1]. Neles, está a comprovação de que, de fato, o número de evangélicos tem crescido grandemente nas últimas décadas no Brasil.

Antes de comentar sobre estes dados, gostaria de lembrar uma coisa que faz parte da história de nosso país: o jingle Noventa Milhões em Ação[2], da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1970. Este jingle é um dos maiores marcos de uma das coisas mais comuns de se ouvir no Brasil: a afirmação de que somos a Pátria da Chuteira ou o País do Futebol. Nele, cantava-se vibrantemente que os 90 milhões de brasileiros que existiam naquela época deveriam se dar as mãos e dizer: Pra frente Brasil! Porém, por trás dessa música que empolgava a tantos brasileiros e brasileiras, acontecia o período mais duro da nossa Ditadura Militar[3]. E, enquanto muitos cantavam e assistiam jogos, outros eram presos, mortos e torturados nos porões da ditadura.

Talvez, você esteja se perguntando: o que a seleção de 1970 tem a ver com o crescimento dos evangélicos no Brasil? Olha, depende do rumo que nós, evangélicos, vamos tomar nas próximas décadas.

Vamos aos números do IBGE: segundo o Censo, nos últimos dez anos tivemos um crescimento incrível de 61%! Com isso, agora totalizamos mais de 22% da população[4] e este número ainda tende a crescer nas próximas décadas; só o tempo dirá qual será o topo dessa porcentagem. Alguns mais otimistas no meio evangélico, dizem que ainda chegaremos a 100%... sinceramente, isso eu acho bem pouco provável.

Mas voltemos aos números. Numa conta muito simples, o que temos hoje no Brasil é o seguinte: imaginemos um grupo de cinco pessoas. Nele, “três são católicos”, “um é evangélico” e “um é de outras religiões ou sem religião”.

Quando estes dados foram divulgados, muitos evangélicos ficaram eufóricos, pois ele representa o esforço de missionários protestantes que chegaram ao país há, pelo menos, 150 anos, sem interrupção. Enfim, o Brasil será pra Jesus ou será um país de evangélicos em sua maioria; é o que tenho ouvido.

Mas, com toda sinceridade do meu coração, não tenho conseguido ficar tão empolgado com estes números, pois, quando olho ao redor e vejo como o país está, penso o seguinte: o que está mudando? Estamos elegendo governadores, senadores, deputados, prefeitos e vereadores evangélicos pra quê? Pra defenderem nosso próprio umbigo, é a resposta em grande parte dos casos! 

Só pra dar um dado do que estou falando, segundo o IBGE, o estado da Federação com menor número de católicos é o Rio de Janeiro, com 45% da população. Contudo... o Rio não é bem o estado mais exemplar do Brasil em questão de honestidade dos políticos, não é o estado com melhor distribuição dos recursos e está longe de me parecer um exemplo a ser seguido.

É neste momento que me pergunto: por que estamos comemorando tanto o crescimento dos evangélicos? Será que todos os evangélicos são iguais e têm sido motivo de orgulho para Cristo? Pois o que tenho visto na TV, muitas vezes, são pessoas que se dizem evangélicas orarem abençoando propina! Vejo apóstolo e bispa serem presos com dinheiro dentro da Bíblia! 

Por isso tudo só tenho a dizer que me envergonho e peço perdão a Deus por haver pessoas sujando o nome de tantos que buscam viver uma vida digna, justa e que tentam seguir o exemplo de Jesus. E completo pedindo que Ele tenha misericórdia de nós por, em muitas ocasiões, termos envergonhado seu Santo Nome. Peço para que nosso louvor não seja apenas um jingle, que nos mantenha distraídos da realidade ao nosso redor, mas para que nosso louvor suba aos céus como “aroma agradável a Deus”.

Frente a tudo que foi exposto, quero convidá-los à leitura de dois textos das Sagradas Escrituras, textos estes que sempre foram tão caros a este povo conhecido como evangélico: “Jesus continuou: Com o que podemos comparar o Reino de Deus? Que parábola podemos usar para isso? Ele é como uma semente de mostarda, que é a menor de todas as sementes. Mas, depois de semeada, cresce muito até ficar a maior de todas as plantas. E os seus ramos são tão grandes, que os passarinhos fazem ninhos entre as suas folhas.” (Mc 4.30-32) E: “Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: — Se alguém quer ser o primeiro, deve ficar em último lugar e servir a todos.” (Mc 9.35)

No encerramento deste post, quero propor uma dinâmica diferente e que sempre foi tão presente e valorizada no meio evangélico. Não vou interpretar estes textos pra vocês, pois acredito que Deus pode, por meio dessas passagens bíblicas, trazer respostas ao Seu povo, trazendo a nós luz e direção sobre o caminho que devemos seguir como povo chamado evangélico. Portanto, convido-lhe a ler mais uma vez os textos da Bíblia expostos acima e tirar, você mesmo, suas conclusões, com a ajuda do Espírito Santo de Deus...


Lucas Andrade Ribeiro
Lucas Ribeiro
Sou Lucas Andrade Ribeiro, natural de Ipatinga/MG. Formado em Filosofia pela Unicamp e atualmente estuda Teologia na Fateo/Metodista.


* Texto publicado originalmente em http://www.juvemetodista.com.br  

terça-feira, 21 de agosto de 2012

C.S. Lewis sobre o sexo


A castidade é a menos popular das virtudes cristãs. Porém, não existe escapatória. A regra cristã é clara: “Ou o casamento, com fidelidade completa ao cônjuge, ou a abstinência total.” Isso é tão difícil de aceitar, e tão contrário a nossos instintos, que das duas, uma: ou o cristianismo está errado ou o nosso instinto sexual, tal como é hoje em dia, se encontra deturpado. E claro que, sendo cristão, penso que foi o instinto que se deturpou. (…)

Dizem que o sexo se tornou um problema grave porque não se falava sobre o assunto. Nos últimos vinte anos, não foi isso que aconteceu. Todo o dia se fala sobre o assunto, mas ele continua sendo um problema. Se o silêncio fosse a causa do problema, a conversa seria a solução. Mas não foi. Acho que é exatamente o contrário. Acredito que a raça humana só passou a tratar do tema com discrição porque ele já tinha se tornado um problema. Os modernos sempre dizem que “o sexo não é algo de que devemos nos envergonhar”. Com isso, podem estar querendo dizer duas coisas. Uma delas é que “não há nada de errado no fato de a raça humana se reproduzir de um determinado modo, nem no fato de esse modo gerar prazer”. Se é isso o que têm em mente, estão cobertos de razão. O cristianismo diz a mesma coisa. O problema não está nem na coisa em si, nem no prazer. Os velhos pregadores cristãos diziam que, se o homem não tivesse sofrido a queda, o prazer sexual não seria menor do que é hoje, mas maior. Bem sei que alguns cristãos de mente tacanha dizem por aí que o cristianismo julga o sexo, o corpo e o prazer como coisas intrinsecamente más. Mas estão errados. O cristianismo é praticamente a única entre as grandes religiões que aprova por completo o corpo — que acredita que a matéria é uma coisa boa, que o próprio Deus tomou a forma humana e que um novo tipo de corpo nos será dado no Paraíso e será parte essencial da nossa felicidade, beleza e energia. O cristianismo exaltou o casamento mais que qualquer outra religião; e quase todos os grandes poemas de amor foram compostos por cristãos. Se alguém disser que o sexo, em si, é algo mau, o cristianismo refuta essa afirmativa instantaneamente. Mas é claro que, quando as pessoas dizem “o sexo não é algo de que devemos nos envergonhar”, elas podem estar querendo dizer que “o estado em que se encontra nosso instinto sexual não é algo de que devemos sentir vergonha”.

Se é isso que querem dizer, penso que estão erradas. Penso que temos todos os motivos do mundo para sentir vergonha. Não há nada de vergonhoso em apreciar o alimento, mas deveríamos nos cobrir de vergonha se metade das pessoas fizesse do alimento o maior interesse de sua vida e passasse os dias a espiar figuras de pratos, com água na boca e estalando os lábios. Não digo que você ou eu sejamos individualmente responsáveis pela situação atual. Nossos ancestrais nos legaram organismos que, sob este aspecto, são pervertidos; e crescemos cercados de propaganda a favor da libertinagem. Existem pessoas que querem manter o nosso instinto sexual em chamas para lucrar com ele; afinal de contas, não há dúvida de que um homem obcecado é um homem com baixa resistência à publicidade. Deus conhece nossa situação; ele não nos julgará como se não tivéssemos dificuldades a superar. O que realmente importa é a sinceridade e a firma vontade de superá-las.

Para sermos curados, temos de querer ser curados. Todo aquele que pede socorro será atendido; porém, para o homem moderno, até mesmo esse desejo sincero é difícil de ter. E fácil pensar que queremos algo quando na verdade não o queremos. Um cristão famoso, de tempos antigos, disse que, quando era jovem, implorava constantemente pela castidade; anos depois, se deu conta de que, quando seus lábios pronunciavam “ó Senhor, fazei-me casto”, seu cotação acrescentava secretamente as palavras: “Mas, por favor, que não seja agora.” Isso também pode acontecer nas preces em que pedimos outras virtudes; mas há três motivos que tornam especialmente difícil desejar — quanto mais alcançar – a perfeita castidade.

Em primeiro lugar, nossa natureza pervertida, os demônios que nos tentam e a propaganda a favor da luxúria associam-se para nos fazer sentir que os desejos aos quais resistimos são tão “naturais”, “saudáveis” e razoáveis que essa resistência é quase uma perversidade e uma anomalia. Cartaz após cartaz, filme após filme, romance após romance associam a idéia da libertinagem sexual com as idéias de saúde, normalidade, juventude, franqueza e bom humor. Essa associação é uma mentira. Como toda mentira poderosa, é baseada numa verdade – a verdade reconhecida acima de que o sexo (à parte os excessos e as obsessões que cresceram ao seu redor) é em si “normal”, “saudável” etc. A mentira consiste em sugerir que qualquer ato sexual que você se sinta tentado a desempenhar a qualquer momento seja também saudável e normal. Isso é estapafúrdio sob qualquer ponto de vista concebível, mesmo sem levar em conta o cristianismo. A submissão a todos os nossos desejos obviamente leva à impotência, à doença, à inveja, à mentira, à dissimulação, a tudo, enfim, que é contrário à saúde, ao bom humor e à franqueza. Para qualquer tipo de felicidade, mesmo neste mundo, é necessário comedimento. Logo, a afirmação de que qualquer desejo é saudável e razoável só porque é forte não significa coisa alguma. Todo homem são e civilizado deve ter um conjunto de princípios pelos quais rejeita alguns desejos e admite outros. Um homem se baseia em princípios cristãos, outro se baseia em princípios de higiene, e outro, ainda, em princípios sociológicos. O verdadeiro conflito não é o do cristianismo contra a “natureza”, mas dos princípios cristãos contra outros princípios de controle da “natureza”. A “natureza” (no sentido de um desejo natural) terá de ser controlada de um jeito ou de outro, a não ser que queiramos arruinar nossa vida. E bem verdade que os princípios cristãos são mais rígidos que os outros; no entanto, acreditamos que, para obedecer-lhes, você poderá contar com uma ajuda que não terá para obedecer aos outros.

Em segundo lugar, muitas pessoas se sentem desencorajadas de tentar seriamente seguir a castidade cristã porque a consideram impossível (mesmo antes de tentar). (…) Podemos ter certeza de que a castidade perfeita — como a caridade perfeita — não será alcançada pelo mero esforço humano. Você tem de pedir a ajuda de Deus. Mesmo depois de pedir, poderá ter a impressão de que a ajuda não vem, ou vem em dose menor que a necessária. Não se preocupe. Depois de cada fracasso, levante-se e tente de novo. Muitas vezes, a primeira ajuda de Deus não é a própria virtude, mas a força para tentar de novo. Por mais importante que seja a castidade (ou a coragem, a veracidade ou qualquer outra virtude), esse processo de treinamento dos hábitos da alma é ainda mais valioso. Ele cura nossas ilusões a respeito de nós mesmos e nos ensina a confiar em Deus. Aprendemos, por um lado, que não podemos confiar em nós mesmos nem em nossos melhores momentos; e, por outro, que não devemos nos desesperar nem mesmo nos piores, pois nossos fracassos são perdoados. A única atitude fatal é se dar por satisfeito com qualquer coisa que não a perfeição.

Em terceiro lugar, as pessoas muitas vezes não entendem o que a psicologia quer dizer com “repressão”. Ela nos ensinou que o sexo “reprimido” é perigoso. Nesse caso, porém, “reprimido” é um termo técnico: não significa “suprimido” no sentido de “negado” ou “proibido”. Um desejo ou pensamento reprimido é o que foi jogado para o fundo do subconsciente (em geral na infância) e só pode surgir na mente de forma disfarçada ou irreconhecível. Ao paciente, a sexualidade reprimida não parece nem mesmo ter relação com a sexualidade. Quando um adolescente ou um adulto se empenha em resistir a um desejo consciente, não está lidando com a repressão nem corre o risco de a estar criando. Pelo contrário, os que tentam seriamente ser castos têm mais consciência de sua sexualidade e logo passam a conhecê-la melhor que qualquer outra pessoa. Acabam conhecendo seus desejos como Wellington conhecia Napoleão ou Sherlock Holmes conhecia Moriarty; como um apanhador de ratos conhece ratos ou como um encanador conhece um cano com vazamento. A virtude – mesmo o esforço para alcançá-la — traz a luz; a libertinagem traz apenas brumas.

Para encerrar, apesar de eu ter falado bastante a respeito de sexo, quero deixar tão claro quanto possível que o centro da moralidade cristã não está aí. Se alguém pensa que os cristãos consideram a falta de castidade o vício supremo, essa pessoa está redondamente enganada. Os pecados da carne são maus, mas, dos pecados, são os menos graves. Todos os prazeres mais terríveis são de natureza puramente espiritual: o prazer de provar que o próximo está errado, de tiranizar, de tratar os outros com desdém e superioridade, de estragar o prazer, de difamar. São os prazeres do poder e do ódio. Isso porque existem duas coisas dentro de mim que competem com o ser humano em que devo tentar me tornar. São elas o ser animal e o ser diabólico. O diabólico é o pior dos dois. E por isso que um moralista frio e pretensamente virtuoso que vai regularmente à igreja pode estar bem mais perto do inferno que uma prostituta. É claro, porém, que é melhor não ser nenhum dos dois.


C.S. Lewis
retirado de Cristianismo Puro e Simples (Editora Martins Fontes)

domingo, 12 de agosto de 2012

Uai! Existe gripe espiritual? *


Tenho que admitir uma coisa pra vocês: gosto de falar de coisas difíceis. Adoro discutir sobre temas complexos e tenho certo prazer quando vejo o desencadear lógico e formal dos argumentos.

Mas... sempre que leio os evangelhos fico um pouco em crise. Pois nele vejo Deus manifestado em carne - Jesus - fazendo justamente o contrário. Ao invés de partir das coisas complexas para chegar às simples, ele tem uma tendência interessante em falar de coisas super complexas e profundas com uma linguagem simples e acessível, utilizando-se de exemplos do cotidiano, da natureza, da vida.

Pois bem, acordei hoje com uma baita gripe. Minha cabeça dói, está difícil respirar e o ânimo para fazer qualquer coisa está lá em baixo. Todos os meus sentidos estão prejudicados; sinto como se estivesse meio lerdo pra fazer qualquer coisa.

Foi justamente neste contexto, que percebi que havia um tema que estava incomodando meu coração. E entendi que Deus estava me incentivando a compartilhar: será que não estamos “gripados espiritualmente”? O que seria, afinal de contas, “gripe espiritual”? Será que é quando nós não estamos animados a ir ao louvorzão ou estamos com preguiça de acordar para a Escola Dominical? Acredito que pode até ser; mas, hoje, gostaria de abordar outra dimensão da nossa “gripe espiritual”.

Para tal, vamos ler o texto de Tiago 1.27 que nos ajuda a pensarmos sobre este tema: “A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar-se incontaminado do mundo.

Lendo este texto bíblico fico a pensar em quantos momentos vejo a injustiça e o sofrimento ao meu redor e nada faço para, pelo menos, tentar transformar ou amenizar aquela situação. Muitas vezes, estou tão confortável no culto de que participo, tão agradado pelas belas músicas e pregações interessantes que ouço, que nem me preocupado em ver quem está jogado nas ruas no meu caminho para a igreja. Às vezes, estou tão ocupado com minhas próprias preocupações e demandas que mal dá pra olhar quem está ao meu redor. Meus sentidos ficam prejudicados pela “gripe espiritual”.

Então lhe pergunto: será que você também não está sofrendo de alguma espécie de “gripe espiritual”?

Alguns sintomas podem te ajudar a percebê-la e vou abordar apenas um deles. Você ainda consegue perceber que as questões que envolvem a resolução e superação de injustiças fazem parte integrante do DNA de nossa fé? Logicamente, existem muitas outras coisas que poderiam ser citadas como reflexos de nosso estado de letargia. Mas gostaria de enfatizar esse tema porque observo que esta é uma das primeiras, se não a primeira mesmo, áreas que nós esquecemos na vivência de nossa fé cristã.

Precisamos restaurar em nossos “sentidos espirituais” a imagem de um Deus de amor, compaixão e justiça, que se importa com os detalhes da vida de toda a sua criação e não apenas com parte dela, que se reúne semanalmente nos templos.

Por fim, lembro-me de outro texto bíblico que me ajuda a pensar neste tema: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.” (Romanos 12.1,2).

Que Deus nos ajude a vivermos uma vida na qual sejamos livres da “gripe espiritual”, para que possamos entender qual seja a vontade de Deus, buscando ajudar nosso próximo e vivendo de forma que o evangelho de Cristo Jesus seja personificado por meio de nossas ações, que são fruto da nossa fé em movimento.

Adoremos e busquemos a Deus por meio dos mais diversos momentos que a vida na igreja nos possibilita ter, vivamos de forma que a nossa fé leve outras pessoas a conhecerem a mensagem transformadora que há na cruz de Cristo, mensagem de salvação e libertação. Mas... nunca nos deixemos dominar pela “gripe espiritual” que não nos deixa mais perceber as situações e pessoas que estão ao nosso redor, clamando por ajuda e justiça.

Que Deus esteja conosco sempre! Amém.

Sou Lucas Andrade Ribeiro, natural de Ipatinga/MG. Formado em Filosofia pela Unicamp e atualmente estudo Teologia na Fateo/Metodista.

* Texto publicado originalmente em http://www.juvemetodista.com.br 

domingo, 5 de agosto de 2012

Sofrimento


O sofrimento pode ser o caminho através do qual chegamos às nossas verdades. A estrada pela qual chegamos à maturidade atravessa, necessariamente, a escuridão e a solidão. A escuridão, porque sofrer implica perder as referências, desdenhar das explicações, questionar os clichês e aventurar perguntas. A escuridão é o momento quando não caminhamos porque vemos, mas porque intuímos, recordamos e temos fé. Intuímos o rumo certo pelo tanto que já caminhamos, recordamos as experiências aprendidas em momentos semelhantes no passado e andamos por fé, que supera as trevas, prescinde de explicações e transcende as certezas.

A solidão é imprescindível na trilha do sofrimento. A dor pode ser compartilhada, mas jamais transferida. Pode ser percebida, mas não capturada. Pode até ser escondida, mas nunca suprimida. Quem sofre, sofre sempre em solidão. Não necessariamente porque lhe falta boa e providencial companhia, mas porque todo sofrimento pessoal, em sua dimensão mais profunda e essencial, é intransferível. O sofrimento tem sua realidade particular, e não pode ser diferente: cada um sofre por uma razão, é vitimado em áreas distintas, por motivos diversos e com respostas as mais variadas, num dégradé de resiliência que vai da meninice do chororô ao heroísmo quase estóico, incluído entre os tons das cores a grandeza da fé, resignada e esperançosa, e por isso engajada e mobilizadora.

O sofrimento desperta para o ético e o estético. Convoca virtudes adormecidas a que subam ao palco: coragem, perseverança, paciência, honradez, respeito à vida. Possibilita o lapidar do caráter, apara arestas, harmoniza as formas, faz irromper a beleza escondida na frieza do coração. O sofrimento quebranta orgulhosos, vaidosos e prepotentes, faz desmoronar intransigentes, legalistas e moralistas. Como o martelo do escultor, retira os excessos da pedra e dá à luz o belo, o sublime, o deslumbrante.

Quem sofre descobre seus limites, identifica verdadeiras amizades, vislumbra novos horizontes, abre a mente para novas verdades e o coração para novos amores. O sofrimento produz compaixão, evoca misericórdia, gera solidariedade. O sofrimento cria caminhos para arrependimentos e confissões, subverte juízos e sentenças, possibilita aproximações e reconciliações.

O sofrimento coloca homens, mulheres, velhos e crianças, de joelhos. Faz com que os olhos procurem os céus. Dilata a alma para o mistério, conclama o espírito para o inefável, inspira poesias e canções, faz surgir nos lábios o perfeito louvor. Quem sofre aprende a perdoar e pedir perdão. Ganha a oportunidade de colocar o rosto no chão, em clamor e oração. O sofredor jamais chora em vão. Deus habita também a sombra e a escuridão.

O sofrimento é o ônus do viver, o custo do amor, a paga pelo crescimento, o preço da maturidade. Viver é muito perigoso, já dizia Guimarães. Amar é muito precioso. Crescer é muito doloroso. Amadurecer é muito custoso. Crer é coisa de teimoso. O sofrimento diminui o poder da morte, dissolve a crueldade da indiferença, envergonha a pequenez da alma, desmascara o mundo de mentirinha da ingênua infância, quebra a maldição da incredulidade. Aceitar a realidade e inevitabilidade do sofrimento é escolher a vida, decidir amar, optar pela plenitude, apostar na fé.


Ed René Kivitz

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Quem é Deus?



O famoso literato russo, Fiodor Dostoiévski, disse no auge de sua vida que “existe no homem um vazio do tamanho de Deus.” Santo Agostinho, o primeiro homem a escrever uma autobiografia da história, disse no prefácio das suas Confissões: “o nosso coração não encontra descanso até que descanse em Ti.” O que esses e outros personagens querem nos dizer é que sem Deus, o ser humano é nulo, vazio, não encontra o sentido para a vida e pior, jamais encontrará a si mesmo.
Seja sincero comigo: falta-nos algo. Falta-nos um encontro com algo que vá além de nós. Falta-nos sentido. Falta-nos a eternidade. O Eterno, tudo nos falta sem Ele; o grande Mistério do qual o ser humano se pergunta desde o início da história até os dias de hoje e continuará a se perguntar até o fechar das cortinas desta vida: Deus, o Autor da vida.
Mas quem é Ele? As Escrituras afirmam que tudo começa com Deus. “No princípio Deus...” é a primeira afirmação dos escritores bíblicos. Falar de Deus é difícil; é como tentar mesclar o tempo com a eternidade. Deus é ilimitado. Ele não é derivado de coisa alguma, nem é condicionado por coisa alguma: Ele simplesmente é. Pense um pouco no que acabei de afirmar: “Deus é.” A dimensão desta breve oração significa que Ele é a causa de todas as coisas, de toda a existência, todo ser tem sua origem nele. Ele está além de tudo.
Deus tem coisas que só Ele tem: é eterno, não muda, está em todo lugar, tem todo o poder, tem todo o saber, é perfeitamente belo, lindo e glorioso. É infinito, é espírito, é uma Trindade, isto é, um único Deus que existe em Três Pessoas (Pai, Filho, Espírito). E ao mesmo tempo Ele tem virtudes que de alguma forma “empresta” para nós: é bom, é fiel, é puro, é justíssimo, é verdadeiro, é misericordioso, e é titular de um inexplicável amor.
Como posso me aproximar dEle sendo tão diferente de mim? C.S. Lewis nos ajuda afirmando que “quando se trata de conhecer a Deus, toda a iniciativa depende dEle. Se Ele não se quiser revelar, nada do que façamos nos permitirá encontrá-lO.” A grande questão aqui é a seguinte: Deus está correndo atrás de nós. Ele nos quer para Ele, para um relacionamento. Ele quer ser o nosso sentido, esperança e realização.
Deus está a nossa procura. Ele não é uma energia, uma vibração positiva, uma força impessoal. Não! Deus é alguém que sabe tudo sobre nós, e nos quer para Ele por inteiro. Pois Ele sabe que o alvo de toda a nossa busca nesta vida, todos os nossos empenhos, é o de estarmos pessoalmente mais próximos dEle, o nosso Deus. O fim principal e supremo da existência humana é lançar toda a glória a Deus e se satisfazer nele eternamente.
Eu te desafio hoje a um encontro pessoal com Deus. Prove que Ele é bom, pois uma coisa é saber com a mente que Deus é bom, outra é experimentar na pele a sua doçura, alegria e incomparável graça! Faça isto por intermédio de Jesus Cristo, pois o Filho é “a expressão exata do Seu ser” (Heb. 1.3). Deus é uma fonte inesgotável. Saber quem Ele é, é demais para nós. Portanto, vamos viver tentando até o dia em que a eternidade chegar!
Jean Francesco
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