domingo, 26 de agosto de 2012

Pra frente Brasil! *


Hoje gostaria de compartilhar uma reflexão que está em minha mente desde o dia em que o IBGE divulgou os últimos dados do Censo 2010[1]. Neles, está a comprovação de que, de fato, o número de evangélicos tem crescido grandemente nas últimas décadas no Brasil.

Antes de comentar sobre estes dados, gostaria de lembrar uma coisa que faz parte da história de nosso país: o jingle Noventa Milhões em Ação[2], da seleção brasileira de futebol na Copa do Mundo de 1970. Este jingle é um dos maiores marcos de uma das coisas mais comuns de se ouvir no Brasil: a afirmação de que somos a Pátria da Chuteira ou o País do Futebol. Nele, cantava-se vibrantemente que os 90 milhões de brasileiros que existiam naquela época deveriam se dar as mãos e dizer: Pra frente Brasil! Porém, por trás dessa música que empolgava a tantos brasileiros e brasileiras, acontecia o período mais duro da nossa Ditadura Militar[3]. E, enquanto muitos cantavam e assistiam jogos, outros eram presos, mortos e torturados nos porões da ditadura.

Talvez, você esteja se perguntando: o que a seleção de 1970 tem a ver com o crescimento dos evangélicos no Brasil? Olha, depende do rumo que nós, evangélicos, vamos tomar nas próximas décadas.

Vamos aos números do IBGE: segundo o Censo, nos últimos dez anos tivemos um crescimento incrível de 61%! Com isso, agora totalizamos mais de 22% da população[4] e este número ainda tende a crescer nas próximas décadas; só o tempo dirá qual será o topo dessa porcentagem. Alguns mais otimistas no meio evangélico, dizem que ainda chegaremos a 100%... sinceramente, isso eu acho bem pouco provável.

Mas voltemos aos números. Numa conta muito simples, o que temos hoje no Brasil é o seguinte: imaginemos um grupo de cinco pessoas. Nele, “três são católicos”, “um é evangélico” e “um é de outras religiões ou sem religião”.

Quando estes dados foram divulgados, muitos evangélicos ficaram eufóricos, pois ele representa o esforço de missionários protestantes que chegaram ao país há, pelo menos, 150 anos, sem interrupção. Enfim, o Brasil será pra Jesus ou será um país de evangélicos em sua maioria; é o que tenho ouvido.

Mas, com toda sinceridade do meu coração, não tenho conseguido ficar tão empolgado com estes números, pois, quando olho ao redor e vejo como o país está, penso o seguinte: o que está mudando? Estamos elegendo governadores, senadores, deputados, prefeitos e vereadores evangélicos pra quê? Pra defenderem nosso próprio umbigo, é a resposta em grande parte dos casos! 

Só pra dar um dado do que estou falando, segundo o IBGE, o estado da Federação com menor número de católicos é o Rio de Janeiro, com 45% da população. Contudo... o Rio não é bem o estado mais exemplar do Brasil em questão de honestidade dos políticos, não é o estado com melhor distribuição dos recursos e está longe de me parecer um exemplo a ser seguido.

É neste momento que me pergunto: por que estamos comemorando tanto o crescimento dos evangélicos? Será que todos os evangélicos são iguais e têm sido motivo de orgulho para Cristo? Pois o que tenho visto na TV, muitas vezes, são pessoas que se dizem evangélicas orarem abençoando propina! Vejo apóstolo e bispa serem presos com dinheiro dentro da Bíblia! 

Por isso tudo só tenho a dizer que me envergonho e peço perdão a Deus por haver pessoas sujando o nome de tantos que buscam viver uma vida digna, justa e que tentam seguir o exemplo de Jesus. E completo pedindo que Ele tenha misericórdia de nós por, em muitas ocasiões, termos envergonhado seu Santo Nome. Peço para que nosso louvor não seja apenas um jingle, que nos mantenha distraídos da realidade ao nosso redor, mas para que nosso louvor suba aos céus como “aroma agradável a Deus”.

Frente a tudo que foi exposto, quero convidá-los à leitura de dois textos das Sagradas Escrituras, textos estes que sempre foram tão caros a este povo conhecido como evangélico: “Jesus continuou: Com o que podemos comparar o Reino de Deus? Que parábola podemos usar para isso? Ele é como uma semente de mostarda, que é a menor de todas as sementes. Mas, depois de semeada, cresce muito até ficar a maior de todas as plantas. E os seus ramos são tão grandes, que os passarinhos fazem ninhos entre as suas folhas.” (Mc 4.30-32) E: “Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: — Se alguém quer ser o primeiro, deve ficar em último lugar e servir a todos.” (Mc 9.35)

No encerramento deste post, quero propor uma dinâmica diferente e que sempre foi tão presente e valorizada no meio evangélico. Não vou interpretar estes textos pra vocês, pois acredito que Deus pode, por meio dessas passagens bíblicas, trazer respostas ao Seu povo, trazendo a nós luz e direção sobre o caminho que devemos seguir como povo chamado evangélico. Portanto, convido-lhe a ler mais uma vez os textos da Bíblia expostos acima e tirar, você mesmo, suas conclusões, com a ajuda do Espírito Santo de Deus...


Lucas Andrade Ribeiro
Lucas Ribeiro
Sou Lucas Andrade Ribeiro, natural de Ipatinga/MG. Formado em Filosofia pela Unicamp e atualmente estuda Teologia na Fateo/Metodista.


* Texto publicado originalmente em http://www.juvemetodista.com.br  

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