quarta-feira, 25 de maio de 2011

Porque ainda me empolgo

Por que, nos tempos em que vivemos, a mensagem daquele homem que andou por aqui há uns dois mil anos, chamado Jesus de Nazaré, ainda é relevante? Por que, depois de tanto tempo ainda é empolgante? Simples: ela continua revolucionária. Naquela época sua mensagem foi considerada uma loucura, um escândalo. Tão vanguardistas eram suas ponderações que logo tiveram que eliminá-lo, para calar sua voz. Mas a mensagem, fascinante e libertadora, continuava a arder nos corações de um punhado de discípulos e discípulas. Que conteúdos eram aqueles que não passavam despercebidos e que, ainda hoje, guardam seu caráter revolucionário? Vejamos.

A escravidão era institucionalizada e mesmo os mais piedosos servos de Deus não viam problema algum nisso. Era da “vontade de Deus”. Alguns nasciam abençoados, outros não, mas tudo era fruto dos decretos divinos. Daí vem esse cara lá de uma aldeia obscura chamada Nazaré, com um discurso de que não há diferença entre escravo e livre, pobre ou rico, homem ou mulher. Todos são iguais. Não há hierarquia, tanto que seus seguidores serão chamados de amigos, não de escravos ou servos. Isso para os escravos, pobres e para as mulheres (se hoje ainda são consideradas inferiores por muitos – há grupos não permitem que elas integrem o sacerdócio, por exemplo – imagine naquela época) era uma boa notícia (verdadeiro evangelho, que significa, literalmente, boa nova). Mas para os senhores de escravos, para os ricos e para os homens que não consideravam as mulheres tão dignas quanto eles, era algo perigoso, era ofensivo. Será que muitos ainda não consideram perigosa a idéia de que todas as pessoas tem a mesma importância?

Deus era monopólio da religião institucionalizada. Alguém que não cumprisse os ritos e as ordens emanadas do clero judaico estava condenado à danação eterna. Daí, o tal Jesus apresenta a possibilidade de relacionar-se com Deus sem a intermediação de uma religião institucional. Através dele, Jesus, e não através de uma religião é que se chega a Deus. A fúria dos donos da religião era inevitável. Aquela mensagem era uma ameaça aos seus negócios. Hoje, quase dois mil anos depois, ainda há quem imagine que sua religião tenha o monopólio de Cristo e que qualquer pessoa que não esteja de acordo com suas percepções está condenada ao fogo do inferno. Elas precisam ser avisadas de que Deus não tem religião, não é membro de nenhuma instituição registrada em cartório e não pode ser considerado propriedade de nenhuma igreja. Mas isso é demais para alguns que se acham portadores da verdade final sobre Deus. Aliás, é uma ameaça aos seus negócios. Entretanto, é revolucionário e libertador.

Num mundo em que não conseguimos lidar com nossas diferenças, em que muitos ricos e poderosos se acham mais importantes que os demais e que ainda tem gente que acredita ter o monopólio sobre Deus, a mensagem de Cristo continua absolutamente revolucionária. E empolgante!


Márcio Rosa da Silva

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