segunda-feira, 15 de março de 2010

Um Deus desconcertante

O nosso Deus é desconcertante. Quando menos se espera, como que em assalto nocturno, Deus cai sobre uma pessoa, deita-a por terra com uma presença poderosa e inefavelmente consoladora, confirma-a para sempre na fé e deixa-a a vibrar, quem sabe, talvez para toda a vida. Diante de operações tão espectaculares e gratuitas, muitos ficam a perguntar-se: E porque não a mim? A Deus não se podem fazer perguntas. Tem-se de começar por aceitá-Lo tal como Ele é.

A umas pessoas leva-as o Senhor pelas areias do deserto, numa eterna tarde de aridez. A outras deu-lhes uma sensibilidade notável para as coisas divinas, tal como predisposição inata de personalidade e, no entanto, nunca lhes concedeu uma gratuidade infusa propriamente dita. Homens houve na história que jamais se preocuparam com Deus, fosse para atacá-Lo, fosse para defendê-Lo; no entanto, o próprio Deus saiu ao encontro deles com glória e esplendor. Há quem navegue num mar de consolações, desde o nascer até ao pôr do sol da sua existência. Há almas destinadas a fazer da sua peregrinação através duma perpétua noite, e noite sem estrelas. Pessoas há que caminham entre altos e baixos e vaivéns, à luz de sol brilhante ou sob espessas nuvens. Para outros, a vida com Deus é um dia perpetuamente cinzento. Cada pessoa é uma história, e uma história absolutamente única e singular.


Ignacio Larrañaga, em "Mostra-me o Teu Rosto"

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