quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

A vida é a arte do encontro

Vinicius de Moraes foi quem disse a frase do título no meio do Samba da Benção, linda canção do poeta e diplomata. Ele ainda completou dizendo: “embora haja tanto desencontro pela vida”. A vida só faz algum sentido por conta de nossos encontros e desencontros.

Quando criança tudo o que se quer é o conforto do colo materno, a segurança do abraço paterno e a alegria dos momentos fraternos descontraídos. Sair correndo para abraçar o pai, a mãe ou mesmo o tio na porta da escolinha é uma celebração. A celebração do encontro. Cedo aprendemos a celebrar esses momentos mágicos e cheios de afetos que são os encontros com os que amamos.

A adolescência chega e já não se quer a presença tão próxima dos pais, agora o encontro é outro, o primeiro amor, a primeira paixão. Ah, como é esperada a hora de ir para escola para ver a garota que faz sentir um frio no estômago, os batimentos cardíacos acelerarem e a boa secar. O primeiro amor é celebrado num mundo que se revela pleno de sentimentos. Mas como há tantos desencontros pela vida, na maioria das vezes aquele primeiro amor se desfaz e o mundo desaba. Mas outros virão.

Amigos, os encontros que duram a vida inteira. Como são raros, mas como são preciosos. O bom amigo não cobra a sua presença, mas parece estar sempre presente. Sabe se ausentar quando necessário e sabe estar presente quando se precisa dele. Mesmo quando se distanciam e ficam anos sem se falarem pessoalmente, quando se vêem os verdadeiros amigos celebram, sem cobranças, e continuam a conversa de onde tinham parado da última vez que se viram. É uma pena que haja distanciamentos, que amigos se afastem, e, às vezes, virem até inimigos.

E quando achamos uma pessoa a quem amamos e que nos ama também e percebemos que queremos estar com aquela pessoa todos os dias, a vida inteira? Que coisa fantástica. Daí a vida é só encontro. Nem sempre dá certo, mas vale à pena tentar.

Em meio a todos os encontros e desencontros, há Um que deseja se encontrar conosco, mas insistimos em pegar rotas outras. Ainda bem que Ele está em todos os caminhos. Bom é ter sensibilidade para perceber no sorriso carinhoso da criança, no olhar embevecido do apaixonado, no abraço afetuoso do pai e no colo sempre disponível da mãe, além de um momento especial com as pessoas que amamos, um encontro com Aquele que nos ama. Deus é amor. Se nossos encontros são celebrações de amor, também são reveladores da sutil presença dEle.

Eu sei, às vezes parece que Ele é quem se afastou de nós. Até o crucificado perguntou o porquê do abandono. Mas são momentos em que é necessário estar só. Acredite, eles são necessários. Bom é saber que chegará o dia em que nosso encontro com Ele será definitivo e não haverá mais desencontros.

Até lá, vamos fazendo nossa vida ter sentido nos aprimorando na arte do encontro.


Márcio Rosa da Silva

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