terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Um pouco de Bonhoeffer

"Eu creio que devemos amar a Deus nesta vida e em tudo que Ele nos outorga de bem, de maneira que com confiança estejamos prontos a ir ao Seu encontro - mas também só quando chegar a hora - com o mesmo amor e a mesma alegria. Para expressá-lo mais claramente, que um homem que se acha nos braços da amada esposa sinta saudade do além, é sem gosto e menos ainda vontade de Deus. Devemos achar e amar a Deus exatamente naquilo que Ele nos dá no momento. Se aprover a Deus conceder-nos uma felicidade intensa e terrena, não queiramos ser mais divinos e mais piedosos que Ele e minar essa felicidade com pensamentos arrogantes e provocações resultantes de uma fantasia religiosa fanatizada que jamais se satisfaz com o que Deus concede. Aquele que achar a Deus sua felicidade terrena e lhe agradecer, também não deixará de oferecer horas nas quais se há de lembrar de que o terreno é sempre passageiro e que é bom acostumar-se o coração à ideia da eternidade. Afinal também chegará o hora em que todos poderemos dizer sinceramente: "quisera que estivesse já em casa..." Mas tudo isso tem seu tempo próprio,e continua sendo o principal que se mantenha passo com Deus e não pretender ir adiante dEle por alguns passos, nem tampouco se deve ficar para trás."


Dietrich Bonhoeffer em Resistência e Submissão

Uma pipa e o vento

O vento passou e deixou arrepio 
Mas não digo que, Ele é passado, 
Pois, da pele, me lembra cada fio
Que sua presença ainda se faz sentir.
Sou como pipa, guiado pelo vento
Com outras, fico colorindo o céu
Se não voar, a pipa deve virar réu,
Já que o papel da pipa é voar
E esse Sopro, esse Vento cálido,
Enche a terra com hálito de vida
Tolo, sem graça, é quem duvida
Morto, pois só respira o nada
Às vezes, quero amarrar o Vento,
Pois me angustia o parar de ventar
Todo tipo de cerimônia eu tento
Inútil, Ele "sopra onde quer"
Doce vento, bondoso e livre
Tenha piedade dessa pobre pipa
Guia-me, fazer-me voar Contigo
E da queda eterna me livre.



Flávio Américo

When You Called My Name

"Quando Você chamou meu nome
Eu não sabia o quão longe ia o chamado
Quando Você chamou meu nome
Eu não sabia o que aquela palavra realmente significava
Quando me lembro do Seu chamado
Sinto-me tão pequeno
Senhor, o que você viu
Quando me chamou?
Começo a perder o ânimo
E então acontece de novo
Sou erguido do desespero
Pelas orações de alguém
Erguido do desespero
Pelas orações de alguém..."


When You Called My Name, Newsboys

Could It Be

No fluxo e refluxo da vida
Ao vagarmos pelos anos
Nos é dito para ouvir uma voz
Que não podemos ouvir com os nossos ouvidos
Dizem para viver por algo
Que você não pode ver com seus olhos
Existe realmente alguma finalidade
Para este exercício tolo?

Poderia ser que Você torna a Sua presença conhecida
Tão frequentemente por meio de Sua ausência?
Poderia ser que as perguntas nos dizem mais
Do que as respostas jamais dirão?
Poderia ser que Você realmente preferiria morrer
Do que viver sem nós?
Poderia ser que a única resposta que significa alguma coisa
Seja Você?

Em nossas palavras e em nosso silêncio
Em nosso orgulho e em nossa vergonha
Para o gênio e o estudioso
Para o tolo e insano
Para aqueles que se importam em buscá-lo
Para aqueles que nunca o farão
Você é a única resposta, mesmo assim

É uma pergunta que não posso responder
Uma resposta que você não pode expressar
Que o homem gentil de dores
Seja a fonte da felicidade
Você nunca resolverá o mistério
Deste homem magnético
Por que você deve acreditar para entender

Poderia ser que Você torna a Sua presença conhecida
Tão frequentemente por meio de Sua ausência?
Poderia ser que as perguntas nos dizem mais
Do que as respostas jamais dirão?
Poderia ser que Você realmente preferiria morrer
Do que viver sem nós?
Poderia ser que a única resposta que significa alguma coisa
Seja Você?


Michael Card, Could It Be

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Os "se(s)" das Bodas de Caná

Foi num casamento em Caná, um lugar da Galiléia, que devia ser muito parecida com as favelas de hoje, que Jesus fez o primeiro milagre registrado, e, cujo único propósito foi fazer um casal feliz. E, para isso, muitas lacunas tiveram de ser preenchidas, lacunas que chamo de os “ses” do casamento em Caná.

E se no casamento em Caná…
Jesus não tivesse sido convidado?

A vida transcorreria, mas restrita ao plano (a), sem lugar para alternativas, porque a lei da impossibilidade só pode ser vencida pelo milagre!

E se no casamento em Caná…
Jesus nao tivesse aceito ao convite?

A festa teria acabado mais cedo e em tom de frustração.

Jesus ter aceito o convite foi o que tornou a festa especial, porque onde Jesus está tudo pode recomeçar, e é a vida e não a morte que passa a dar a palavra final. Que bom que Jesus aceita convite para ir a casamentos, mesmo que já tenham sido celebrados, ele vai, e a alegria é retomada. Que bom que há convites que Jesus aceita! Aliás, a gente só deveria participar de situações e locais, em que Jesus pudesse ser convidado a participar.

E se no casamento em Caná…
Maria não fosse até Jesus?

Jesus, provavelmente, só o saberia quando todos o soubessem e, ainda que interferisse, não poderia fazer muito em relação ao vexame a que os noivos seriam expostos. O ato de Maria poupou os noivos da provável exposição pública, intercessão tem de ser assim, para abençoar e não para expor.

E se no casamento em Caná…
Jesus não fosse movido pela graça?

Ainda não era o tempo de Jesus se expor ao seu povo, e nem era tempo de Maria ver o seu sacrifício explicado. Mas Jesus levou em conta a angústia dos noivos, e o que Jesus não podia fazer por meio da lei o pode por meio da graça. Tudo deve ser levado a Jesus, porque ele conta com as infindas possibilidades da graça.

E se no casamento em Caná…
Jesus nao achasse festa importante?

Jesus fez um milagre para a festa não acabar, e para poupar os noivos do vexame; ainda bem que o bem estar dos noivos era precioso para o Cristo, ainda bem que a glória do Deus passa pela realização humana, porque o bom criador se alegra com a alegria de suas criaturas.

E se no casamento em Caná…
Maria não fosse respeitada pelos vizinhos?

José, pai adotivo de Jesus cuidou muito bem de Maria, de modo que ao invés de permanecer sob o estigma de pecadora, por ter engravidado antes do casamento, ainda que por milagre de Deus, tornou-se respeitada pelos vizinhos, o que lhe deu autoridade para orientar os garçons. Que papel admirável José desempenhou! A gente protege alguém quando faz a sua dignidade ser preservada.

E se no casamento em Caná…
Maria não soubesse de Jesus?

Maria só pode dizer o que disse aos garçons, 1º porque sabia do poder dado a Jesus, talvez, já o tivesse visto em ação, e, também, porque sabia do amor de Jesus pelas pessoas. Saber do Cristo é saber de suas possibilidades por causa da bondade de seu caráter. por isso vale a pena orar!

E se no casamento em Caná… 
Os garçons não atendessem a Jesus?

A obediência dos garçons ofereceu a matéria prima para o milagre. O que Jesus lhes pediu era sem sentido, as pessoas já tinham lavado as mãos para comer, não havia mais necessidade de água. Eles, certamente, não compreendiam a razão para encher as talhas, mas Jesus sabia que milagre estava realizando. Atender a Jesus é sempre participar de um milagre, para além da nossa compreensão.

E se no casamento em Caná…
Jesus não tivesse agido como salvador?

Jesus poderia ter feito qualquer gesto para transformar a água em vinho, mas não o fez, se o fizesse teria exposto aos noivos, mas Jesus não veio para esmagar a cana quebrada, mas para restaurá-la. O importante para Jesus não era que as pessoas soubessem do seu poder, mas que os noivos soubessem do seu amor – colocou os noivos antes do ministério, ele estava ali para beneficiá-los, não para beneficiar-se de sua situação e carência; e assim devem ser os seu seguidores: gente que faz tudo para salvar, curar, abençoar e proteger o outro.

E se no casamento em Caná…
O mestre sala nao tivesse feito o comentário sobre o vinho?

Talvez, mesmo que viéssemos a saber do milagre, não saberíamos da sua intensidade, demonstrada pela qualidade do vinho – que nos dá conta de que Jesus vai muito além de nossa capacidade de pedir ou de pensar – essa é a função do testemunho – transmitir o resultado do amor de Deus.

Que bom que João, o evangelista registrou esse milagre, para sabermos quantas pessoas e trabalho o Deus mobilizou para, tão somente, fazer um casal feliz. Joao está certo: Deus é amor.


Ariovaldo Ramos
(Grifos por Ricardo A. da Silva)
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