quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Sobre todas as coisas

Tinha que ser do Chico.



"Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus

Ao Nosso Senhor
Pergunte se Ele produziu nas trevas o esplendor
Se tudo foi criado - o macho, a fêmea, o bicho, a flor
Criado pra adorar o Criador

E se o Criador
Inventou a criatura por favor
Se do barro fez alguém com tanto amor
Para amar Nosso Senhor

Não, Nosso Senhor
Não há de ter lançado em movimento terra e céu
Estrelas percorrendo o firmamento em carrossel
Pra circular em torno ao Criador

Ou será que o deus
Que criou nosso desejo é tão cruel
Mostra os vales onde jorra o leite e o mel
E esses vales são de Deus

Pelo amor de Deus
Não vê que isso é pecado, desprezar quem lhe quer bem
Não vê que Deus até fica zangado vendo alguém
Abandonado pelo amor de Deus"


A Deus Somente A Glória,
Ricardo A. da Silva

Ciranda da Bailarina

Procurando bem todo mundo tem.




"Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Verruga nem frieira
Nem falta de maneira
Ela não tem

Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida
Ela não tem

Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem

Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem

O padre também
Pode até ficar vermelho
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho*
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem

Procurando bem
Todo mundo tem..."


A Deus Somente A Glória,
Ricardo A. da Silva

O plantador de igrejas

Lembrei desse video que assisti pela primeira vez devido uma dica do meu amigo Daniel Franzolin.



A Deus Somente A Glória,
Ricardo A. da Silva

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Qual a minha vocação?

Não é fácil distinguir entre fazer aquilo para o qual fomos chamados e fazer aquilo que desejamos. Nossos muitos desejos podem facilmente desviar-nos do curso da nossa ação verdadeiramente necessária. A verdadeira ação leva-nos ao cumprimento de nossa vocação. Trabalhando em um escritório, viajando pelo mundo, escrevendo livros ou fazendo filmes, cuidando dos pobres, liderando pessoas ou cumprindo tarefas comuns, a pergunta não deve ser: "Qual é o meu maior desejo"?, mas sim: "Qual é a minha vocação?".

A posição de maior prestígio na sociedade pode ser uma expressão de obediência ao nosso chamado, ou de sua negação, uma recusa ao verdadeiro dever. E a posição de menor prestígio pode ser a resposta ao nosso chamado, ou uma forma de evitá-lo...

Quando estamos submetidos à vontade de Deus e não à nossa própria vontade, descobrimos que grande parte do que fazemos não precisa ser feito por nós. O que fomos chamados a fazer nos traz alegria e paz...

Ações que levam ao excesso de trabalho - à exaustão e à destruição - não podem louvar e glorificar a Deus. Aquilo para o que Deus nos chama, não só pode ser feito, como tratá satisfação. Ouvindo em silêncio a voz de Deus, e falando com nossos amigos, podemos saber, com confiança, o que fomos chamados a fazer; e o faremos com um coração agradecido.


"Meditações com Henri J.M Nouwen", Editorial Habacuc (2003, Rio de Janeiro).

domingo, 25 de setembro de 2011

Misturar tudo, será que é uma boa?

É, parece que não temos opção não! E o pior, às vezes, misturam pra nós!

Nesse frenesi que, aparentemente, não tem solução nos encontramos nós. Umas vezes nos encontramos, outras nos perdemos, outras nem queremos achar. Logo de manhã, bom dia!

Muita coisa tá rolando, imagino o Rui Barbosa lendo isso, tudo ao mesmo tempo e em todo lugar. São convites, apelos, ordens, desejos, vontades, ações, rotinas, obrigações, reponsabilidades, compromissos. E tem mais, só não vou citar, nós sabemos!!

E tudo vai se misturando perdendo o seus sabores e tons naturais. Ouvimos os conselhos que não deveríamos e desconsideramos os realmente importantes. Ah como somos bons nisso!! Depois, saimos chorando à procura de ajuda para consertar o que não deu certo e, nunca dará se não mudarmos o rumo, decidirmos amadurecer e deixamarmos a obstinação para trás. E essa tarefa é dura! Envolvidos em aspectos que, nem sempre consideramos mas que estão por aí vamos vivendo. Cansados, às vezes, e nem sabemos porque.

Meu caro, minha cara! Não se iluda! Essa maneira de organizarmos as coisas em nossas vidas e sociedade não precisa ser assim. Há coisas muitos boas que podemos e devemos manter mas, há coisas horríveis que podemos e devemos nos desfazer.

Considere hoje comigo o seguinte, essa é a minha proposta:

Viva a sua cidade, seu bairro, sua vila, seu país. Isso é política que, quando traduzida em ações corretas em benefício de nosso povo chama-se cidadania. Não abandone o diálogo. Seja cidadão!

Decifre o seu modo e o dos outros de pensar, sentir e agir. Herdamos isso e nem nos damos conta. Estamos inseridos em um contexto cultural específico e que, se sub-divide e inúmeros outros. Isso é cultura. Pratique a tolerância!

Pense, planeje o seu futuro e leve em conta o mundo que o cerca, sua rede de relacionamentos, pois é lá que você vai passar o restante da sua vida. Cuidado com isso!

Tenha um manual de instruções confiável que é à prova de erro e que pode instruir-te em tudo que de melhor você poderá ser, fazer e ter. Saiba da Boa-notícia, chamada de Evangelho de Jesus o Cristo. Leia isso!

Pratique uma boa vivência comunitária, junte-se aos outros que também estão em processo na jornada. Ria com eles, chore também. Faça parte de uma Igreja!


Zé Libério
Organização Toca do Estudante

A Benção do Inconformismo

Que Deus te abençoe com o inconformismo
diante de respostas fáceis, meias-verdades, e relações superficiais,
para que tu possas viver na intimidade de teu coração.

Que Deus te abençoe com a indignação
diante da injustiça, da opressão e abuso das pessoas,
para que tu possas trabalhar a favor da justiça, igualdade e paz.

Que Deus te abençoe com lágrimas
pelas pessoas que sofrem vítimas da dor, rejeição, fome e guerra,
para tu possas estender tua mão para consolar
e transformar a sua dor em alegria.

E que Deus te abençoe com a insensatez
para pensar que tu podes fazer diferença neste mundo,
para que faças algo que outras pessoas dizem não ser possível.

[Em tua graça, CMI-Porto Alegre 2006]



Benção lida no culto de primavera da Igreja Metodista Central de Campinas

Liturgia e pregação de Luiz Carlos Ramos.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O medo: o maior gigante da alma

Para quem tem medo, e a nada se atreve, tudo é ousado e perigoso. É o medo que esteriliza nossos abraços e cancela nossos afetos; que proíbe nossos beijos e nos coloca sempre do lado de cá do muro. Esse medo que se enraíza no coração do homem impede-o de ver o mundo que se descortina para além do muro, como se o novo fosse sempre uma cilada, e o desconhecido tivesse sempre uma armadilha a ameaçar nossa ilusão de segurança e certeza.

O medo, já dizia Mira Y Lopes, é o grande gigante da alma, é a mais forte e mais atávica das nossas emoções. Somos educados para o medo, para o não-ousar e, no entanto, os grandes saltos que demos, no tempo e no espaço, na ciência e na arte, na vida e no amor, foram transgressões, e somente a coragem lúdica pode trazer o novo, e a paisagem vasta que se descortina além dos muros que erguemos dentro e fora de nós mesmos.

E se Cristo não tivesse ousado saber-se o Messias Prometido? E se Galileu Galilei tivesse se acovardado, diante das evidências que hoje aceitamos naturalmente? E se Freud tivesse se acovardado diante das profundezas do inconsciente? E se Picasso não tivesse se atrevido a distorcer as formas e a olhar como quem tivesse mil olhos? "A mente apavora o que não é mesmo velho", canta o poeta, expressando o choque do novo, o estranhamento do desconhecido.

Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já têm a forma do corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.


Fernando Teixeira Andrade
Uma dica de meu grande amigo Eric Oliveira (Valeu!!!)

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A salvação segundo Chaves

Acredito piamente que o céu será povoado por pessoas que entenderem esses versos. Nem que você tenha que lê-lo 44 vezes.



“Volta o Cão Arrependido
Com suas orelhas tão fartas
Com seu osso roido
E com o rabo entre as patas”

A Deus Somente A Glória,
Ricardo A. da Silva

Uma dica de http://rodsilva.wordpress.com/

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O Maracujá

[*Escrevi este poema enquanto tomava um sorvete de chocolate com cobertura de maracujá num sábado, noite fria e chuvosa na cidade de São Paulo.]


Mistério; essa é a melhor palavra.

O maracujá é um mistério, deve ser isso.
A cada interação com a nossa língua,
Ele é sutil e azedo.
Todavia, comemo-lo até o fim com prazer.
O maracujá é um dia frio, de chuva,
Mas consegue nos alegrar como um dia ensolarado.
Ele é como um susto: é ruim de tomar,
Mas sempre redunda em multidão de risos.
O maracujá é um arrepio de azedume,
Que por ser azedo é mais provocante e maravilhoso.
O maracujá deixa nossa garganta ácida,
Contudo perfuma o nosso hálito de um jeito inigualável.

Como os momentos ásperos da vida:
Uma azeda briga que enriquece nossa amizade;
Um choro amargo que acaba em abraço;
Uma ruim primeira impressão de alguém
Que virou a melhor das amizades.
Aquela distância cruel e cítrica
Que multiplicou nossas paixões.
Um sonho inatingível e amargoso
O qual rendeu-se em realidade.
Um agro destino certo
Que foi revertido pela esperança trazida do Céu.

Isso me remete a algo mais extraordinário:
A sabedoria dAquele que arquitetou o mistério do Maracujazeiro.


Jean Francesco

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